quarta-feira, 22 de julho de 2015

Do segundo artigo do “Credo”: e em Jesus Cristo, um só seu Filho, Nosso Senhor



“Imediatamente Jesus obrigou os seus discípulos a subir para a barca e a passarem antes dele à outra margem do lago, enquanto ele despedia as turbas. Despedidas as turbas, subiu só a um monte para orar. Quando chegou a noite, achava-se ali . Entretanto, a barca achava-se a muitos estádios da terra e era batida pelas ondas, porque o vento era contrário. Porém, na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar. E (os discípulos), quando o viram andar sobre o mar, turbaram-se dizendo: É um fantasma. E, com medo, começaram a gritar. Mas Jesus falou-lhes imediatamente, dizendo: Tende confiança; sou eu, não reinais.

Respondendo Pedro, disse: Senhor, se és tu, manda-me ir até onde estás por sobre as águas. Ele disse: Vem. Descendo Pedro da barca, caminhava sobre a água para ir a Jesus. Vendo, porém, que o vento era forte, temeu, e, começando a submergir-se, gritou, dizendo: Senhor, salva-me! Imediata mente Jesus estendendo a mão, o tomou e lhe disse: Homem de pouca fé, porque duvidaste? Depois que subiram para a barca, o vento cessou. Os que estavam na barca aproximaram-se dele e o adoraram, dizendo: Verdadeiramente tu és o Filho de Deus.”

Mt 14, 22-33


68) Que nos ensina o segundo artigo do Credo: e em Jesus Cristo, um só seu Filho, Nosso Senhor?
O segundo artigo do Credo ensina-nos que o Filho de Deus é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade; que Ele é Deus eterno, todo-poderoso, Cria for e Senhor, como o Padre; que se fez homem par nos salvar; e que o Filho, de Deus feito homem se chama Jesus Cristo.


Crer em Nosso Senhor Jesus Cristo é primordial para a nossa salvação, como já vimos. Vejamos o que diz o catecismo romano:
“Em crer e professar o presente Artigo, encontra o gênero humano imensas e admiráveis vantagens, consoante o testemunho de São João: “Quem confessa que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele permanece em Deus” (1Jo 4,5).

Prova-o também a palavra de Cristo Nosso Senhor, quando proclamava a bem-aventurança do Príncipe dos Apóstolos: “Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, pois não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas antes Meu Pai que está nos céus” (Mt 16,17).

Realmente, esta fé e esta profissão constituem a base mais sólida para nosso resgate e salvação.”(Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §1)

Nesse artigo reconhecemos a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual sem Ele não teríamos possibilidades de salvação. Caindo o gênero humano no pecado, por culpa da desobediência de Adão, não poderíamos retornar ao estado inicial de graça por nossa própria conta. E por isso o Filho de Deus se encarnou para nos resgatar.

“Os admiráveis frutos deste artigo aparecem com maior evidência, se considerarmos como se destruiu o venturoso estado em que Deus colocara os primeiros homens. O pároco fará, pois, todo o possível, para que os fiéis reconheçam, nisso, a causa das misérias e desgraças que todos nós padecemos.

Adão apartou-se da obediência devida a Deus, quando violou a proibição: “De todas as árvores do Paraíso poderás comer, mas não comas da árvore da ciência do bem e do mal. No dia que dela comeres, morrerás de morte” (Gn 2,16-17).

Ele caiu logo no maior dos infortúnios, perdendo a santidade e justiça em que fora constituído, ficando sujeito a outros males, conforme ensina mais longamente o Santo Concílio de Trento.

De outro lado, o pároco fará ainda ver que o pecado e seu castigo não se detiveram só na pessoa de Adão; mas que de Adão, como sua fonte e origem, passaram merecidamente para toda a sua posteridade.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §2)

“Uma vez decaído de tão alta dignidade, nada podia levantar o gênero humano e reintegrá-lo no estado primitivo, nem as forças humanas, nem as forças angélicas. Em vista de tal ruína e desgraça, não restava, pois, outro remédio, senão o infinito poder com que o Filho de Deus, assumindo a fraqueza de nossa carne, devia destruir a infinita malícia do pecado, e pelo Seu Sangue reconciliar-nos com Deus.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §3)

Mas Deus em sua infinita bondade tem um plano de salvação. E o prometeu desde a queda do homem, inúmeras vezes, aos primeiros pais, aos profetas, ao povo judeu.

“Ora, o crer na Redenção e o professá-la sempre foram condições necessárias para a salvação dos homens. Assim Deus o ensinou, desde o início da Revelação.

No mesmo instante que condenava o gênero humano, imediatamente após o pecado, Deus fez nascer a esperança de resgate, pelas (próprias) palavras com que anunciou ao demônio a dura derrota que lhe resultaria da libertação dos homens: “Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua raça e a sua descendência. Esmagará ela a tua cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar” (Gn 3,15).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §4)


69) Por que se chama Filho a segunda Pessoa?
A segunda Pessoa chama-se Filho porque é gerada pelo Padre por via de inteligência, desde toda da ti eternidade; e por este motivo se chama também Verbo eterno do Padre.


Jesus é Filho de Deus:
“São mais profundos ainda os mistérios que estas palavras nos propõem a respeito de Jesus. Levam os fiéis a crer piedosamente que é Filho de Deus, e verdadeiro Deus como o Padre, que O gerou desde toda a eternidade.

De igual natureza como as outras pessoas: Além disso, confessamos que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, perfeitamente igual às duas outras Pessoas Divinas. Nenhuma desigualdade ou diferença pode haver, ou imaginar-se nas três Pessoas divinas, porque em todas elas reconhecemos a existência de uma só natureza, de uma só vontade, de um só poder.

Esta verdade se nos antolha em muitos lugares da Sagrada Escritura. O mais claro, todavia, é o testemunho de São João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava cam Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1).

Gerado desde toda a eternidade: Ouvindo, porém, que Jesus é Filho de Deus, não nos ponhamos a imaginar que em Sua geração exista algo de terreno ou mortal. O ato pelo qual o Padre gera ao Filho desde toda a eternidade, não o podemos absolutamente perceber com a inteligência, e muito menos compreendê-lo de maneira adequada. Devemos, no entanto, acreditá-lo com firmeza, e adorá-lo com a maior devoção de nossa alma. Como que arrebatados de admiração pelo Mistério, cumpre-nos exclamar com o Profeta: “Quem poderá explicar a Sua geração?” (Is 53,8).

Consubstancial ao Padre: Deve crer-se, portanto, que o Filho tem a mesma natureza, o mesmo poder, a mesma sabedoria que o Padre, conforme o confessamos mais explicitamente no Símbolo de Nicéia: “E em Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, e gerado pelo Padre antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de Deus verdadeiro, gerado, não feito, da mesma substância que o Padre, e pelo qual foram feitas todas as coisas”. (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §8)


70) Sendo também nós filhos de Deus, por que Jesus Cristo se chama Filho único de Deus Padre?
Jesus Cristo chama-se Filho único de Deus porque só Ele é por natureza seu Filho, e nós seus filhos por criação e por adoção.


“No mais, é preferível contemplar simplesmente o que a fé nos propõe, e crer e confessar, com sinceridade, que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

Como Deus, foi gerado pelo Padre antes de todos os séculos; como Homem, nasceu no tempo, de Sua Mãe a Virgem Maria.

Posto que em Cristo se deve admitir um duplo nascimento, cremos todavia que há um só Filho. É pois uma e a mesma Pessoa, na qual se unem as naturezas divina e humana.”. (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §9)

“Da parte da geração divina, Cristo não tem irmãos nem co-herdeiros, visto ser Ele o Filho Único do Padre, enquanto nós homens somos apenas uma formação e obra de Suas mãos. (Cf Is 64,8)

Se entanto considerarmos Sua origem humana (Hb 2,12), veremos que Cristo não só dá a muitos o nome de “irmãos”, mas também os trata realmente como tais, para que com Ele alcancem ao mesmo tempo a glória da herança paterna. São aqueles que pela fé receberam a Cristo Nosso Senhor (Lc 8,21; Jo 1,12-13), e por obras de caridade comprovam a fé que professam de boca. Eis por que o Apóstolo Lhe chamou o “Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §10)



71) Por que Jesus Cristo se chama Nosso Senhor?
Chama-se Jesus Cristo Nosso Senhor não se porque, enquanto Deus, juntamente com o Padre e o Espírito Santo, rios criou, como também porque, em enquanto Deus e homem rios remiu com seu Sangue.


“Entre as muitas afirmações da Sagrada Escritura a respeito de Nosso Salvador, não é difícil reconhecer que umas Lhe convêm como a Deus, outras como a Homem.

Das duas naturezas diversas, [Cristo] recebeu também as diversas propriedades. Assim dizemos, com toda a verdade, que Cristo é onipotente, eterno, imenso. Estes atributos Lhe advêm da natureza divina. E dizemos também que Ele sofreu, morreu e ressurgiu. Ninguém duvida que tais fatos só podem ser atribuídos à natureza humana.

Como Deus: Mas existem ainda outros atributos que convêm a ambas as naturezas, como o nome de “Nosso Senhor”, que ora Lhe damos. Se, portanto, este nome se aplica a uma e outra natureza é com toda a razão que Cristo deve ser chamado “Nosso Senhor”.

Do mesmo modo que Ele é Deus eterno como o Padre, assim é também, como o Pai, Senhor de todas as coisas. Como Ele e o Padre não são dois deuses diversos, mas inteiramente o mesmo Deus, assim também Ele e o Padre não são dois Senhores diferentes.

Como Homem... por causa da Redenção...: Com razão é chamado “Nosso Senhor” também em Sua condição de Homem. Há muitos títulos que o justificam. Em primeiro lugar, por ser nosso Redentor, e nos ter livrado de nossas culpas, recebeu por direito o poder de ser deveras e chamar-se “Nosso Senhor”.

É o que nos ensina o Apóstolo: “Humilhou-se a Si mesmo, fazendo-Se obediente até a morte, e morte de cruz. Por essa razão, Deus também O exaltou e Lhe deu um nome que fica acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão no céu, na terra, e nos infernos; e toda língua proclame que Jesus Cristo está na glória de Deus Padre” (Fl 2,8ss). Após a Ressurreição, Cristo disse de Si mesmo: “A Mim foi dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28,18).

Por causa da união hipostática: Em segundo lugar, é chamado “Senhor” também, porque reúne numa só Pessoa duas naturezas, a divina e a humana. Ainda que Cristo por nós não morrera, contudo essa admirável união Lhe teria merecido o titulo de soberano Senhor de todas as coisas criadas, em particular dos fiéis que Lhe prestam obediência, e que O servem com o maior afeto de seu coração.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §11)

Assim, como um senhor possui servos, Nosso Senhor também possui os seus, aqueles que no dia do Batismo renunciaram a Satanás e se consagraram inteiramente a Ele. Mas por amor e benignidade, para nos fazer merecer a bem aventurança, Nosso Senhor nos atrai nos chamando de amigos e irmãos, motivo que nos faz conhecer Sua grandeza e amá-lo, adorá-lo e servi-lo como Nosso Senhor.

Nós somos seus escravos: “Como nos resta ainda dizer, o pároco inculcará aos fiéis que, levando nós de Cristo o nome de cristãos, não podemos ignorar os imensos benefícios de que Ele nos cumulou, máxime a bondade com que, pela luz da fé, nos fez conhecer todos estes mistérios. Convém, pois, e força é repeti-lo, que nós - com maior obrigação que os outros mortais - para sempre façamos entrega
e consagração de nós mesmos a Nosso Senhor e Redentor, na qualidade de escravos totalmente Seus.

Pelo compromisso batismal...: Na verdade, assim o prometemos à porta da igreja, quando recebíamos a iniciação do Batismo. Ali declaramos que renunciávamos a Satanás e ao mundo, para nos consagrarmos inteiramente a Jesus Cristo.

Mas, desde que, para entrar na milícia cristã, nos entregamos a Nosso Senhor, por tão santo e solene compromisso, que castigo não mereceríamos, se, depois de entrar no grêmio da Igreja, depois de conhecer a vontade e os preceitos de Deus, depois de receber a graça dos Sacramentos, fôssemos viver segundo as leis e normas do mundo e do demônio, como se no dia do Batismo nos houvéramos alistado no serviço do mundo e do demônio, que não de Cristo Nosso Senhor e Redentor.

Mas Cristo nos chama de “amigos” e “irmãos”: Em vista de tanto amor e benignidade para conosco, que coração se não sentiria abrasado de amor por tão grande Senhor? Apesar de nos ter debaixo de Seu poder e domínio, servos que somos remidos pelo Seu sangue, Cristo nos ama com tais extremos que já não nos chama de servos, mas de amigos e irmãos (Jo 15,14-15). Esta é, sem dúvida, a mais justa, e talvez a mais forte de todas as razões, por que devemos para todo o sempre reconhecê-l'O, venerá-l'O, e servi-l'O como Nosso Senhor.


72) Por que o Filho de Deus feito homem se o chama Jesus?
O Filho de Deus feito homem chama-se Jesus que quer dizer Salvador, porque nos salvou da morte eterna que merecíamos por nossos pecados.


73) Quem deu o nome de Jesus ao Filho de feito homem?
Foi o mesmo Padre Eterno que deu o nome de Jesus ao Filho de Deus feito homem, por meio do Arcanjo São Gabriel, quando este anunciou à Virgem Santíssima o mistério da Encarnação.


“Jesus é o nome próprio d'Aquele que é Deus e homem ao mesmo tempo. Significa “Salvador”. Não Lhe foi posto casualmente, por escolha e vontade dos homens, mas por ordem e intenção de Deus.

Assim o declarou o Anjo Gabriel a Maria, Sua Mãe: “Eis que conceberás em teu seio, e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus” (Lc 1,31). E depois ordenou a José, esposo da Virgem, desse tal nome ao menino, e indicou-lhe ao mesmo tempo as razões por que devia chamar-Se assim: “José, filho de David, não tenhas receio de levar para tua casa Maria, tua esposa; pois o que nela foi concebido, obra é do Espírito Santo. Portanto, ela há de dar à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele há de remir Seu povo de seus pecados” (Mt 1,20-21).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §5)


74) Por que o Filho de Deus feito homem se chama também Cristo?
O filho de Deus feito homem chama-se também Cristo, que quer dizer Ungido e consagrado, porque antigamente ungiam-se os reis, os sacerdotes e os profetas e Jesus é Rei dos reis, Sumo Sacerdote e Sumo Profeta.

75) Foi Jesus Cristo verdadeiramente ungido e consagrado com unção corporal?
A unção de Jesus Cristo não foi corporal, como a dos antigos reis, sacerdotes e profetas, mas toda espiritual e divina, porque a plenitude da divindade habita n'Ele substancialmente.


Os reis e sacerdotes: “Ao nome de Jesus também se acrescentou o apelido de “Cristo”, cuja significação é “Ungido”. Serve para designar uma dignidade e um ministério. Não é próprio de uma só categoria, mas é uma designação comum de várias funções.

Na antiguidade, nossos pais chamavam de “cristos” aos sacerdotes e aos reis, porquanto Deus ordenara que fossem ungidos, em atenção à dignidade de seu ministério.

Sacerdotes são aqueles que, por meio de assíduas preces, recomendam o povo a Deus. São eles que oferecem sacrifícios a Deus, e aplicam pelo povo o poder de sua intercessão. (Nm 16, 46-50; Sb 18,20-25; Hb 5,1-4)

Aos reis, porém, está confiado o governo dos povos. Seu dever primordial é salvaguardar a autoridade das leis, proteger a vida dos inocentes, e punir a audácia dos criminosos.

Ambos os ministérios são, pois, uma imagem da majestade de Deus, aqui na terra. Por isso, os que eram eleitos para a dignidade real ou sacerdotal, recebiam a unção do óleo santo. (1Rs 10,1; 16,13; )

Os profetas: Era também costume ungirem-se os Profetas. Na qualidade de intérpretes e mensageiros de Deus imortal, eles revelavam os segredos do céu, e com salutares conselhos e predições do futuro nos exortavam à regeneração dos costumes.

O Redentor foi ungido pelo Espírito Santo...: “Ora, quando veio a este mundo, Nosso Salvador Jesus Cristo tomou sobre Si o tríplice encargo e função de profeta, de sacerdote e de rei. Por esse motivo é que foi chamado “Cristo”, e ungido para o desempenho daqueles ministérios. Não o foi, contudo, por obra de nenhum mortal, mas pela virtude do Pai Celeste. Não o foi com uma unção de óleo terrestre, mas de óleo espiritual, quando em Sua Alma santíssima se derramaram a graça, a plenitude e os dons do Espírito Santo, em tal superabundância que nenhuma outra criatura a poderia jamais comportar.

É o que muito bem exprime o Profeta, quando interpela o próprio Redentor: “Vós amastes a justiça, e aborrecestes a iniquidade. Por isso Deus, o vosso Deus, vos ungiu com óleo de alegria na presença de vossos companheiros” (Sl 44,8). A mesma idéia, Isaías a exprime com muito mais clareza, na passagem seguinte: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu, e Me enviou para pregar aos que são mansos” (Is 61,1).

a) Como sumo profeta...   Jesus Cristo foi, portanto, o Profeta e Mestre supremo que nos ensinou a vontade de Deus, e cuja doutrina fez ao mundo conhecer o Pai celestial. Cabe-Ihe o nome de Profeta com maior glória e distinção, porquanto não passavam de discípulos Seus todos aqueles que [anteriormente] tiveram a honra desse nome, e que não foram enviados senão para anunciar o Profeta por excelência, que viria salvar todos os homens. (Dt 18,15)

b) Eterno Sacerdote...   Cristo foi também Sacerdote, não na ordem pela qual na Antiga lei os sacerdotes procediam da tribo de Levi, mas por aquela que o profeta David exaltou em seu vaticínio: “Vós sois sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec” (Sl 109,4) Na epístola aos Hebreus, o Apóstolo explana detidamente o fundo desta passagem (Cf Hb 5,5ss).

c) Rei universal...   Reconhecemos, igualmente, que Cristo é Rei, não só como Deus, mas também enquanto Homem, participante de nossa natureza. De Sua dignidade real disse o Anjo: “Há de reinar eternamente na casa de Jacob, e Seu reino não terá fim” (Lc 1,32)

Cujo domínio é a Igreja...: Esse Reino de Cristo é espiritual e eterno. Começa na terra, e consuma-se no céu. É com admirável providência que Cristo presta os ofícios de Rei à Sua Igreja. Ele a governa; defende-a dos ataques e embustes do inimigo; prescreve-lhe leis; comunica-lhe santidade e justiça; proporciona-lhe, ainda por cima, força e meios de perseverar.

Que abrange bons e maus...: Nos limites deste Reino, existem bons e maus. Por direito, fazem parte dele todos os homens. No entanto, aqueles que levam uma vida pura e santa, segundo os Seus Mandamentos, chegam a sentir, mais do que os outros, a suma bondade e benevolência de nosso Rei.

E também o mundo inteiro: Este Reino, porém, não Lhe foi adjudicado por direito de herança ou sucessão humana, ainda que Cristo descendesse dos reis mais ilustres. Era Rei, porque Deus reuniu em Sua humanidade tudo o que a natureza humana podia comportar de poder, grandeza e dignidade. Entregou-Lhe, portanto, o governo do mundo inteiro. E Cristo já começou a dominar, mas só no dia do Juízo é que todas as coisas se curvarão, plena e incondicionalmente, à Sua autoridade.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §7)


76) Tiveram os homens algum conhecimento de Jesus Cristo antes da sua vinda?
Sim, os homens tiveram conhecimento de Jesus Cristo antes da sua vinda, pela promessa do Messias, que Deus fez aos nossos primeiros pais Adão e Eva, a qual renovou aos santos Patriarcas; e também pelas profecias e muitas figuras que O designavam.

77) Como sabemos nós que Jesus Cristo é verdadeiramente o Messias e o Redentor prometido?
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiramente o Messias e o Redentor prometido, porque nEle se cumpriu:
1) tudo o que anunciavam as profecias;
2) tudo o que representavam as figuras do Antigo Testamento.

78) Que prediziam as profecias acerca do Redentor?
As profecias prediziam acerca do Redentor: a tribo e a família da qual devia sair; o lugar e o tempo do nascimento; os seus milagres e as mais minuciosas circunstâncias da sua Paixão e morte; a sua ressurreição e ascensão ao Céu; o seu reino espiritual, universal e perpétuo, que é a Santa Igreja Católica.

79) Quais são as principais figuras do Redentor no Antigo Testamento?
As principais figuras do Redentor no Antigo Testamento são o inocente Abel, o sumo sacerdote Melquisedec, o sacrifício de Isaac, José vendido pelos irmãos, o profeta Jonas, o cordeiro pascal e a serpente de bronze, levantada por Moisés tio deserto.

80) Como sabemos nós que Jesus Cristo é verdadeiro Deus?
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus:
1) pelo testemunho do Padre Eterno, quando disse: “Este é O meu Filho muito amado, no qual tenho posto todas as minhas complacências: ouvi-O”;
2) pela afirmação do próprio Jesus Cristo, confirmada com os mais estupendos milagres;
3) pela doutrina dos Apóstolos;
4) pela tradição constante da Igreja Católica.

81) Quais são os principais milagres operados por Jesus Cristo?
Os principais milagres operados por Jesus Cristo são, além da sua ressurreição, a saúde restituída aos enfermos, a vista aos cegos, o ouvido aos surdos, a vida aos mortos.


Por aqui terminamos o segundo artigo do Credo: “e em Jesus Cristo, um só seu Filho, Nosso Senhor”. Que possamos absorver com muitíssimos frutos a doutrina deste artigo.



Do primeiro artigo do “Credo” - Parte II: Criador do céu e da terra



Continuando de onde paramos, neste artigo falaremos da Criação.



28) Que quer dizer Criador do céu e da terra?
Criar quer dizer fazer do nada; portanto, Deus diz-se Criador do céu e da terra,
porque fez do nada o céu e a terra, e todas as coisas que no céu e na terra se contêm, isto é, todo o universo.


A Criação é um ato de onipotência

“O que agora vamos dizer da criação de todas as coisas, mostrará claramente como era necessário explicar antes aos fiéis a noção da onipotência divina. Com maior facilidade acreditarão o milagre que se manifesta em obra tão grandiosa, se nenhuma dúvida tiverem a respeito do imenso poder do Criador.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §15)


É um ato de Amor espontâneo

“Pois Deus não formou o mundo de uma matéria preexistente, mas criou-o do nada, sem a tanto sem a tanto ser obrigado por violência estranha ou necessidade natural; mas por Sua livre e espontânea vontade.

Nenhum outro motivo O impeliu a criar o mundo, senão a Sua própria bondade. Queria comunicá-la a todas as coisas que criasse. Possuindo por Sua natureza toda a felicidade, Deus não tem falta de coisa nenhuma, como exprime o rei David: “Disse eu ao Senhor: Vós sois o meu Deus, e não tendes precisão dos meus bens” (Sl 15,1).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §15)


É um ato de sabedoria infinita

“Assim como do obedeceu senão à própria bondade, para fazer tudo o que era do Seu agrado (Sl 113,3), assim também não seguiu na criação nenhum modelo que estivesse fora de Sua própria natureza.

Sua inteligência infinita possui, dentro de Si mesma, a idéia exemplar de todas as coisas. Contemplando, pois, em si mesmo essa idéia exemplar; e reproduzindo-a, por assim dizer, com a suma sabedoria e o infinito poder, que Lhe são próprios, o Supremo Artífice criou no principio todas as coisas do Universo. Ele disse, e tudo foi feito; Ele mandou, e tudo foi criado (Sl 148,5).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §15)


29) O mundo foi criado somente pelo Padre?
O mundo foi criado igualmente por todas as três Pessoas divinas, porque aquilo que uma Pessoa faz relativamente às criaturas, fazem-no com um só e o mesmo ato também as outras.

30) Por que então a criação se atribui particularmente ao Padre?
Atribui-se a criação particularmente ao Padre, porque a criação é efeito da onipotência divina a qual se atribui particularmente ao Padre, como se atribui a sabedoria ao Filho e a bondade ao Espírito Santo, embora todas as três Pessoas tenham a mesma onipotência, sabedoria e bondade.

“[...] Resta-nos, ainda, advertir que a Criação é obra comum de todas as três Pessoas da Santa e Indivisível Trindade.

Neste lugar, confessamos pela doutrina dos Apóstolos, que o Padre é o Criador do céu e da terra. Nas Escrituras, porém, lemos com relação ao Filho que por Ele foram feitas todas as coisas (Jo 1,3). Acerca do Espírito Santo: O Espírito de Deus movia-Se por sobre as águas (Gn 1,2). Noutro lugar: Pela palavra do Senhor foram assentes os céus, e do hálito de Sua boca procede toda a pujança [de vida]” (Sl 32,6).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §23)


31) Deus cuida do mundo e de todas as coisas que criou?
Sim, Deus cuida do mundo e de todas as coisas que criou, conserva-as e governa-as com a sua infinita bondade e sabedoria, e nada sucede no mundo, sem que Deus o queira, ou o permita.

32) Por que dizeis que nada sucede, sem que Deus o queira, ou o permita?
Diz-se que nada sucede no mundo, sem que Deus o queira, ou o permita, porque há coisas que Deus quer e manda, e outras que Ele não quer, porém, não impede, como o pecado.

33) Por que Deus não impede o pecado?
Deus não impede o pecado, porque até mesmo do abuso que o homem faz da
liberdade que lhe concedeu, sabe tirar um bem, e fazer resplandecer ainda mais a sua misericórdia ou a sua justiça.


“Não devemos, porém, crer que Deus é Criador e Autor de todas as coisas, de molde que, consumada a obra da Criação, os seres por Ele criados pudessem, em nossa opinião, continuar a subsistir sem o auxilio de Sua potência infinita.

Como tudo só existe, graças à onipotência, sabedoria e bondade do Criador, todas as criaturas recairiam logo em seu nada, se Deus lhes não assistisse continuamente pela Sua Providência, e não as conservasse pelo mesmo poder que, desde o principio, empregou para as criar. A Escritura no-lo declara em termos formais: Como poderia subsistir alguma coisa, se Vós o não quisésseis? Como poderia conservar-se o que Vós não tivésseis chamado? (Sb 11,26).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §21)

“Sobre conservar e governar, pela sua Providência, tudo o que existe, Deus comunica, por um impulso interior, ação e movimento a todas as coisas, conforme a propriedade que tem cada qual, de mover-se e operar.

Sem as impedir, Deus antecipa-Se à influência das causas segundas, como uma virtude oculta que se estende a todas as coisas, e, no dizer do Sábio, atinge fortemente de um extremo a outro, e dispõe todas as coisas com suavidade (Sb 8,1).

Por esse motivo, ao anunciar aos atenienses o Deus que eles adoravam, sem O conhecerem, o Apóstolo disse-lhes: Não está longe de cada um de nós, pois n'Ele vivemos, n'Ele nos movemos, e n'Ele subsistimos. (At 17,27ss).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §22)


Descrição da Criação

O firmamento

“Pelos termos céu e terra, deve tomar-se tudo o que o céu e a terra compreendem. Além dos céus, que o Profeta considerava como obra de Suas mias (Sl 8,4), Deus criou também a claridade do sol e o encanto da lua e dos outros corpos celestes, para que servissem de sinais para os tempos, os dias e os anos” (Gn 1,14). Aos astros marcou uma órbita inalterável, de sorte que não pode haver coisa mais rápida que suas contínuas rotações, nem coisa mais regular que sua velocidade.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §16)


Os Anjos
(§ 2º - Dos Anjos)


“Vou declarar-vos toda a verdade e nada vos ocultarei. Já vos declarei e disse: É bom guardar oculto o segredo de um rei; as obras de Deus, porém, devem ser reveladas, com a glória devida.

Quando tu e Sara fazíeis oração, eu apresentava o memorial de vossa prece diante da glória do Senhor; e fazia o mesmo quando tu, Tobi, enterravas os mortos. Quando não hesitaste em levantar-te e deixar tua refeição e saíste para resguardar o cadáver, fui enviado a ti para ter pôr à prova. E Deus me enviou, também, para curar a ti e a Sara, tua nora. Eu sou Rafael, um dos sete anjos que permanecem diante da glória do Senhor e têm acesso à sua presença”.

Atônitos, os dois, prostraram-se com a face por terra, cheios de temor.

Mas ele prosseguiu: “Não temais! A paz esteja convosco! bendizei a Deus por todos os séculos. Quando estava convosco, não era por benevolência minha que vos assistia, mas pela vontade de Deus. Bendizei-o todos os dias e cantai seus louvores. Vós me víeis comer, embora eu nada comesse. Era só aparência o que víeis. Agora, bendizei o Senhor sobre a terra e dai graças a Deus. Eis que eu subo para junto de Quem me enviou. Escrevei tudo o que vos aconteceu”. E ele subiu.

Então levantaram-se, mas não o viram mais”.

Tobias 12, 11-20


Em 14 questões, o catecismo de São Pio X nos apresenta a doutrina dos anjos:

34) Quais são as criaturas mais nobres que Deus criou?
As criaturas mais nobres, criadas por Deus, são os Anjos.

35) Quem são os Anjos?
Os Anjos são criaturas inteligentes e puramente espirituais, sem corpo.

36) Para que fim criou Deus os Anjos?
Deus criou os Anjos para ser por eles honrado e servido, e para os fazer eternamente felizes.

37) Que forma e que figura têm os Anjos?
Os Anjos não têm forma nem figura alguma sensível, porque são puros espíritos, criados por Deus para subsistirem, sem terem de estar unidos a corpo algum.

38) Por que então se representam os Anjos com formas sensíveis?
Representam-se os Anjos com formas sensíveis: para auxiliar a nossa imaginação; porque assim apareceram muitas vezes aos homens, como lemos na Sagrada Escritura.

“A par do firmamento, Deus criou do nada seres de natureza espiritual, os inúmeros Anjos,
cujo ministério era servir-Lhe, e assistir diante de Seu trono. Conferiu-lhes depois o admirável dom de Sua graça e poder.

Se na Bíblia está escrito: O demônio não persistiu na verdade (Jo 8,44), não padece dúvida que ele e os outros anjos rebeldes haviam [também] recebido a graça, desde o primeiro instante de sua existência.

Santo Agostinho diz a respeito: Criou os Anjos e dotou-os de boa vontade, quer dizer, com o casto amor que os unia a Deus. Em formando a natureza [angélica], infundiu-lhes ao mesmo tempo a graça. Daí devemos concluir que os Anjos bons nunca se viram destituídos de boa vontade, isto é, de amor a Deus. (Aug. De civit. Dei XII 9)

Quanto ao grau da ciência [angélica], há um testemunho das Sagradas Letras: Vós, Senhor meu Rei, sois sábio, como a sabedoria que tem um Anjo de Deus, para entendermos tudo o que se passa sobre a terra (II Rs 14,20).

Indicam enfim o poder dos Anjos as palavras que lhes aplica o rei David: Sois poderosos e fortes, e executais a Sua vontade (Sl 102,20). Por esse motivo, a Sagrada Escritura lhes dá, muitas vezes, o nome de virtudes e exércitos do Senhor (Sl 102,21; 23,10; 45,8; 58,6; 79,5; 83,2; Rm 8,38).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §17)


39) Foram os Anjos todos fiéis a Deus?
Os Anjos não foram todos fiéis a Deus, mas muitos por soberba pretenderam ser iguais a Ele, e independentes do seu poder; e por este pecado foram excluídos para sempre do Paraíso, e condenados ao Inferno.

40) Como se chamam os Anjos excluídos para sempre do Paraíso, e condenados ao Inferno?
Os Anjos excluídos para sempre do Paraíso e condenados ao Inferno, chamam-se demônios, e o seu chefe chama-se Lúcifer ou Satanás.

“Dotados que eram, todos, de prendas celestiais, muitos deles abandonaram todavia a Deus, seu Pai e Criador. Foram, por conseguinte, derrubados de seus altos tronos, e detidos numa prisão muito escura da terra, onde agora sofrem o eterno castigo de sua soberba.

Deles escreve o Príncipe dos Apóstolos: Deus não poupou os Anjos que pecaram, mas acorrentados os precipitou nos abismos do inferno, para serem cruciados, e tidos em reserva até o dia do juízo (II Pd 2,4).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §17)


41) Os demônios podem fazer-nos algum mal?
Sim, os demônios podem fazer-nos muito mal à alma e ao corpo, se Deus lhes der licença, sobretudo tentando-nos a pecar.

42) Por que nos tentam os demônios?
Os demônios tentam-nos pela inveja que nos têm e que lhes faz desejar a nossa eterna condenação, e por ódio a Deus, cuja imagem em nós resplandece. E Deus permite as tentações, a fim de que nós, vencendo-as com a sua graça, pratiquemos as virtudes e alcancemos merecimentos para o Céu.

43) Como podemos vencer as tentações?
Vencem-se as tentações com a vigilância, com a oração e com a mortificação
cristã.

44) Os Anjos que se conservaram fiéis a Deus, como se chamam?
Os Anjos que se conservaram fiéis a Deus chamam-se Anjos bons, Espíritos celestes, ou simplesmente Anjos.

45) Que aconteceu aos Anjos que se conservaram fiéis a Deus?
Os Anjos que se conservaram fiéis a Deus, foram confirmados em graça, gozam para sempre da vista de Deus, amam-No, bendizem-No e louvam-No eternamente.

46) Deus serve-se dos Anjos como seus ministros?
Sim, Deus serve-se dos Anjos coma seus ministros, e especialmente confia a muitos dentre eles o ofício de nossos guardas e protetores.

47) Devemos ter particular devoção ao nosso Anjo da guarda?
Sim, devemos ter particular devoção ao nosso Anjo da guarda, honrá-lo, implorar o seu auxílio, seguir as suas inspirações rações e ser-lhe reconhecidos pela assistência contínua que nos dá.

 
A terra


“Com o poder de Sua palavra, Deus também firmou a terra em bases sólidas (Sl 103,5; 8,9), e deu-lhe um lugar no meio do Universo. Fez que os morros se erguessem, e os campos baixassem ao nível que lhes tinha marcado. (Sl 103,5; 8,9). E para que as massas de água não inundassem a terra, assentou-lhes limites dos quais não passarão, e não tornarão a cobri-Ia (Sl 103,5; 8,9).

Em seguida, revestiu a terra de árvores e de toda a sorte de flores; encheu-a também de inúmeras espécies de animais, como antes já o tinha feito com as águas e os ares.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §18)


O homem

(§ 3º - Do Homem)


“O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou no seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma (pessoa) vivente.

Ora, o Senhor Deus tinha plantado, desde o princípio um paraíso de delícias, no qual Pôs o homem que tinha formado. E o Senhor Deus tinha produzido da terra toda a casta de árvores formosas à vista, e de frutos doces para comer; e a árvore da vida no meio do paraíso, e a árvore da ciência do bem e do mal. Deste lugar de delícias saía um rio para regar o paraíso, o qual dali se divide em quatro braços. O nome do primeiro é Fison, e é aquele que torneia todo o país de Evilat, onde se encontra o ouro. E o ouro deste país é ótimo; ali (também) se acha o bdélio e a pedra ônix. O nome do segundo rio é Gion; este é aquele que torneia toda a terra de Etiópia. O nome, porém, do terceiro rio é Tigre, que corre para a banda dos assírios. E o quarto rio é o Eufrates.

Tomou Pois, o Senhor Deus o homem, e colocou-o no paraíso de delícias, para que o cultivasse e guardasse. E deu-lhe este preceito, dizendo: Come de todas as árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque em qualquer dia que comeres dele, morrerás indubitavelmente.

Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; façamos-lhe um adjuntório semelhante a ele tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais terrestres, e todas as aves do céu, levou-os diante de Adão, para este ver como os havia de chamar; e todo o nome que Adão pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome. E Adão pôs nomes convenientes a todos os animais, a todas as aves do céu, e a todos os animais selváticos; mas não se achava para Adão um adjuntório semelhante a ele.

Formação da mulher e instituição do matrimônio: Mandou, pois, o Senhor Deus um profundo sono a Adão; e, enquanto ele estava dormindo, tirou uma das suas costelas, e pôs carne no lugar dela. E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma mulher; e a levou a Adão. E Adão disse: Eis aqui agora o osso de meus ossos e a carne da minha carne; ela se chamará Virago, porque do varão foi tomada.”

Gênesis 2, 7-23


48) Qual é a criatura mais nobre que Deus colocou sobre a terra?
A criatura mais nobre que Deus colocou sobre a terra, é o homem.

49) Que é o homem?
O homem é uma criatura racional, composta de alma e corpo.


“Por último, Deus formou do limo da terra o corpo do homem, de maneira que fosse imortal e impassível, não por exigência da própria natureza, mas por mero efeito da bondade divina.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §19)

 
50) Que é a alma?
A alma é a parte mais nobre do homem, porque é substância espiritual, dotada de inteligência e de vontade, capaz de conhecer a Deus e de O possuir eternamente.

51) Pode-se ver e apalpar a alma humana?
Não se pode ver nem apalpar a nossa alma, porque é espírito.

52) Morre a alma humana com o corpo?
A alma humana nunca morre; a fé e a mesma razão provam que ela é imortal.

53) É livre o homem nas suas ações?
Sim, o homem é livre nas suas ações; e cada qual sente, dentro de si mesmo, que pode fazer uma ação e deixar de fazê-la, ou fazer antes uma que outra.

54) Explicai com um exemplo a liberdade humana.
Se eu disser voluntariamente uma mentira, sinto que poderia deixar de dizê-la,
e calar-me, e que poderia também falar de outro modo, dizendo a verdade.

55) Por que se diz que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus?
Diz-se que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, porque a alma humana é espiritual e racional, livre na sua ação, capaz de conhecer e de amar a Deus, e de gozá-Lo eternamente, perfeições que refletem em nós um raio da infinita grandeza de Deus.


“A alma, porém, Deus a criou à Sua imagem e semelhança, e dotou-a de livre arbítrio. Além de tudo, regulou os movimentos e apetites da alma, de sorte que sempre obedecessem ao império da razão. Finalmente, deu-lhe ainda o admirável dom da justiça original, e quis que tivesse o governo de todos os outros seres animados.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §19)


56) Em que estado criou Deus os nossos primeiros pais Adão e Eva?
Deus criou Adão e Eva no estado de inocência e de graça; mas depressa o perderam, pelo pecado.

57) Além da inocência e da graça santificante, com cedeu Deus ao nossos primeiros pais outros dons?
Além da inocência e da graça santificante, Deus concedeu aos nossos primeiros pais outros dons, que eles deviam transmitir, juntamente com a graça santificante, aos seus descendentes, e eram: a integridade, isto é, a perfeita sujeição dos sentidos à razão; a imortalidade; a imunidade de todas as dores e misérias; e a ciência proporcionada ao seu estado.

58) Qual foi o pecado de Adão?
O pecado de Adão foi um pecado de soberba e de grave desobediência.

59) Qual foi o castigo do pecado de Adão e Eva?
Adão e Eva perderam a graça de Deus e o direito que tinham ao céu, foram expulsos do Paraíso Terrestre, sujeitos a muitas misérias na alma e no corpo, e condenados a morrer.

60) Se Adão e Eva não tivessem pecado, ficariam livres da morte?
Se Adão e Eva não tivessem pecado, mas se se tivessem conservado fiéis a Deus, depois de uma permanência feliz e tranquila neste mundo, teriam sido levados por Deus ao Céu, sem morrer, a gozar uma vida eterna e gloriosa.

61) Eram estes dons devidos ao homem?
Estes dons não eram devidos por nenhum título ao homem, mas eram absolutamente gratuitos e preternaturais; e por isso, tendo Adão desobedecido ao preceito divino, Deus pôde, sem injustiça, privar deles a Adão e a toda a sua
descendência.

62) Este pecado, é próprio somente de Adão?
Este pecado não é só de Adão, mas é também nosso, embora por diverso título. É próprio de Adão, porque ele o cometeu com um ato da sua vontade, e por isso nele foi pessoal. É nosso, porque tendo Adão pecado como cabeça e fonte de todo o gênero humano, é transmitido por geração natural a todos os seus descendentes, e por isso para nós é pecado original.

63) Como é possível que o pecado original se transmita a todos os homens?
O pecado original transmite-se a todos os homens, porque tendo Deus conferido ao gênero humano, em Adão, a graça santificante e os outros dons preternaturais, com a condição de que ele não desobedecesse, e tendo este desobedecido na sua qualidade de cabeça e pai do gênero humano, tornou a natureza humana rebelde a Deus. Por isso a natureza humana é transmitida a todos os descendentes de Adão num estado de rebeldia contra Deus, privada da graça divina e dos outros dons.

64) Contraem todos os homens o pecado original?
Sim, todos os homens contraem o pecado original, exceto a Santíssima Virgem que dele foi preservada por Deus, com singular privilégio, na previsão dos merecimentos de Jesus Cristo Nosso Salvador.

65) Depois do pecado de Adão, já não poderiam os homens salvar-se?
Depois do pecado de Adão, os homens já não poderiam salvar-se, se Deus não tivesse usado para com eles de misericórdia.

66) Qual foi a misericórdia de que Deus usou para com o gênero humano?
A misericórdia de que Deus usou para com o gênero humano, foi prometer logo a Adão um Redentor divino, ou Messias, enviá-Lo depois a seu tempo, para libertar os homens da escravidão do demônio e do pecado.

67) Quem é o Messias prometido?
O Messias prometido é Jesus Cristo, como nos ensina o segundo artigo do Credo.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Do primeiro artigo do “Credo” - Parte I: creio em Deus Padre, todo poderoso



 “Assim podeis comportar-vos de maneira digna do Senhor, procurando agradar-lhe em tudo, frutificando em boas obras e crescendo no conhecimento de Deus, confortados pelo poder de sua glória para tudo suportar com paciência, firmeza e alegria. Agradecei a Deus Pai que vos tornou capazes de participar da herança dos santos na luz. Ele nos livrou do poder das trevas e nos transportou ao reino de seu Filho amado, no qual temos a libertação: o perdão dos pecados”.

Epístola aos Colossences 1, 9-14



O primeiro artigo do credo trata de Deus Pai e da Criação. Vamos dividir esse estudo em duas partes: nesta falaremos de Deus Pai e na próxima de sua Criação.

§1º - De Deus Padre e da Criação


22) Que nos ensina o primeiro artigo do Credo: creio em Deus Padre, todo poderoso, Criador do céu e da terra?
O primeiro artigo do Credo ensina-nos que há um só Deus, o qual é todo poderoso, e criou o céu e a terra e todas as coisas que no céu e na terra se contém, isto é, todo o universo.

23) Como sabemos nós que há Deus?
Sabemos que há Deus, porque a nossa razão no-lo demonstra, e a fé no-lo confirma.


“Estas palavras querem dizer: Creio com toda a certeza e sem nenhuma hesitação confesso a Deus Padre, a primeira Pessoa da Santíssima Trindade, que pela virtude de Sua onipotência criou do nada o próprio céu, a terra, e tudo que se contém em suas dimensões; que sustenta e governa todas as coisas criadas. E não só de coração o creio, e de boca o confesso, mas com o maior afeto e filial piedade a Ele me entrego, por ser o bem sumo e perfeito.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §1)


“Neste lugar, a palavra “Creio” não tem a significação de “pensar”, “julgar”, “dar opinião”. Conforme a doutrina da Sagrada Escritura, significa uma adesão absolutamente certa, pela qual a inteligência aceita, com firmeza e constância, os mistérios que Deus lhe manifesta. Para se compreender melhor este ponto, [basta dizer] que só crê propriamente quem está certo de alguma verdade, sem a menor hesitação.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §2)

“Estas palavras “em Deus” nos mostram a dignidade e excelência da sabedoria cristã, pela qual podemos reconhecer o quanto devemos à bondade divina por nos levar, sem demora de raciocínio, a conhecer pelos degraus da fé o ser mais sublime e desejável.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §5)

“Das explicações dadas, segue-se também a obrigação de confessarmos que há um só Deus, e não vários deuses. A razão é óbvia. A Deus atribuímos suma bondade e perfeição. Ora, em vários seres não pode haver perfeição em grau sumo e absoluto. Se a um deles falta alguma coisa para ser sumamente perfeito, por isso mesmo é imperfeito, e não lhe compete a natureza divina.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §7)


Pela razão é possível conhecer a existência de Deus, através da observação das coisas criadas. Vejamos como Santo Tomás de Aquino resolve essa questão:

“Vemos, com efeito, que todas as coisas que se movem são movidas por outras: as inferiores pelas superiores, como os elementos o são pelos corpos celestes; vemos que as coisas inferiores agem impulsionadas pelas superiores. É impossível que nesta comunicação de movimentos, o processo prolongue-se até o infinito, porque toda coisa que é movida por outra é como um instrumento do primeiro motor da série. Ora, se não houver um primeiro motor, todas as coisas movidas nada mais são que instrumentos. Por conseguinte, se houver um processo que leve ao infinito a série das coisas que movem sucessivamente umas às outras, nele não pode existir um primeiro motor. Consequentemente, todas as coisas, as que movem e as movidas, seriam instrumentos.

É ridículo, porém, até para os menos instruídos, imaginar instrumentos que não sejam movidos por um agente principal. Seria como pensar em construir arcas ou leitos só com serras e machados, mas sem o carpinteiro que os fizesse. Por isso, é necessário que exista um primeiro motor, supremo na sucessão do movimento das coisas que se movem umas às outras. A este primeiro motor, chamamos Deus.” (Compêndio de Teologia, Parte I, Cap. III)


24) Porque se dá a Deus o nome de Pai?

24) Por que se dá a Deus o nome de Pai?
Dá-se a Deus o nome de Pai:

1) porque é Pai, por natureza, da segunda Pessoa da Santíssima Trindade, isto é, do Filho por Ele gerado;
2) porque Deus é Pai de todos os homens, que Ele criou, conserva e governa;
3) porque, finalmente, é Pai, pela graça, de todos os cristãos, os quais por isso se chamam filhos adotivos de Deus.

25) Por que o Padre é a primeira Pessoa da Santíssima Trindade?
O Padre é a primeira Pessoa da Santíssima Trindade, porque não procede de
outra Pessoa, mas é o princípio das outras duas Pessoas, isto é, do Filho e do Espírito Santo.


“No Símbolo, vem a seguir a palavra "Padre". Ora, dá-se a Deus o nome de “Pai” sob vários pontos de vista. É preciso, pois, explicar primeiro o sentido, que lhe cabe neste lugar.

Não obstante as trevas do paganismo, chegaram alguns homens a reconhecer, sem a luz da fé, que Deus é uma substância eterna, da qual tiveram origem todas as coisas, e cuja Providência tudo governa, e tudo conserva em sua ordem e posição.

Assim como chamamos de pai a quem funda uma família e a dirige com critério e autoridade, assim também quiseram eles, por analogia, chamar de Pai a Deus, a quem reconheciam como Criador e Governador de todas as coisas.

A Sagrada Escritura emprega o termo também no mesmo sentido. Falando de Deus, declara que Lhe devemos atribuir a criação, o domínio e a admirável provisão de todas os coisas. Numa passagem lemos: Não é Ele teu Pai, que te adquiriu, que te fez e tirou do nada? (Dt 32,6). E noutra: “Porventura, não é um só o Pai de todos nós? Não foi o mesmo Deus que nos criou?” (Ml 2,10).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §9)

“Com maior insistência, e num sentido todo particular. Deus é chamado Pai dos cristãos, principalmente nos Livros do Novo Testamento. Os cristãos não receberam o espírito de servidão, para estarem novamente com temor, mas o espírito da filiação adotiva, o qual nos faz exclamar: Abba, Pai! (Rm 8,15) – Tão grande é “o amor do Pai para conosco que somos chamados e de fato somos filhos de Deus” (IJo 3,1) – Se, porém somos filhos, somos também herdeiros, sim, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo" (Rm 8,17), que é o Primogênito entre muitos irmãos (Rm 8,29), e não se vexa de nos chamar irmãos. (Hb 2,11).

Considerando, pois, que o fato comum da Criação e da Providência, quer a grande realidade da adoção sobrenatural, têm os cristãos toda a razão de professarem sua fé em Deus Padre.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §9)

“AIém destas noções assim formuladas, o pároco explicará aos fiéis que, ao ouvirem o nome de Pai [aplicado a Deus], devem elevar o espírito para a contemplação de mistérios mais sublimes.

Pelo nome de Pai, a Revelação nos permite entrever aos poucos o que se acho profundamente oculto e encerrado naquela luz inacessível onde Deus habita (ITm 6,16), mistérios que a perspicácia do espírito humano não podia certamente atingir, nem tampouco suspeitar.

O termo indica que, na unidade da natureza divina, não devemos crer na existência de uma só Pessoa, mas de várias Pessoas realmente distintas.

São três as Pessoas que existem numa só divindade: O Padre, que por ninguém foi gerado; o Filho, que gerado foi pelo Padre, antes de todos os séculos; o Espírito Santo, que também desde toda a eternidade procede do Padre e do Filho. Na unidade da natureza divina, o Padre é a Primeira Pessoa, e com seu Filho Unigênito e o Espírito Santo é um só Deus e um só Senhor, não na singularidade de uma só Pessoa, mas na trindade de uma só natureza.

Não é lícito supor, nas três Pessoas, qualquer diferença ou desigualdade. Por conseguinte, só devemos considerá-las distintas em suas respectivas propriedades: O Padre não é gerado; o Filho é gerado pelo Padre; o Espírito Santo procede do Padre e do Filho.

Desta maneira, confessamos ser a mesma essência e a substância das três Pessoas; e na confissão da verdadeira e sempre eterna divindade cremos que é preciso adorar, pia e santamente, não só a distinção nas Pessoas, mas também a unidade na essência, e a igualdade na Trindade.

Quando, pois, dizemos ser o Padre a primeira Pessoa, não é para entender como se na Trindade supuséssemos a ideia de anterior ou posterior, de maior ou menor. Tanta impiedade não deve infiltrar-se nos ânimos dos fiéis, pois que a religião cristã apregoa, com relação às três Pessoas, a mesma eternidade, a mesma glória, e a mesma majestade.

Com certeza, e sem a menor dúvida, afirmamos ser o Padre a Primeira Pessoa, porque é um princípio sem princípio. E como se não distingue das outras Pessoas senão pela propriedade de Pai, é a Ela somente que se atribui, principalmente, a eterna geração do Filho. Mas, para inculcar que a Primeira Pessoa foi sempre Deus e sempre Pai ao mesmo tempo, é que no Símbolo enunciamos juntos os nomes de Deus e Padre.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §10)

Continuando no Catecismo de São Pio X:


26) Que quer dizer a palavra todo-poderoso?
A palavra todo-poderoso quer dizer que Deus pode fazer tudo o que quer.

27) Deus não pode pecar nem morrer; como é então que se diz que Ele pode fazer tudo?
Diz-se que Deus pode fazer tudo, embora não possa pecar nem morrer, porque o poder pecar ou morrer não é efeito de potência mas de fraqueza, a qual não pode existir em Deus, que é perfeitíssimo.


“A Sagrada Escritura emprega muitas expressões para indicar o sumo poder e a imensa majestade de Deus. Mostra-nos assim com quanto respeito devemos venerar Seu Nome santíssimo.

Entretanto, o pároco ensinará, em primeiro lugar, que a Deus se atribui com maior freqüência o nome de Onipotente. Deus declara de Si mesmo: Eu sou o Senhor Todo-Poderoso (Gn 17,1) – Quando enviara os filhos a José, Jacob rezou por eles: Meu Deus, o Todo-Poderoso, vo-lo torne propício!” (Gn 43,14) – No Apocalipse também está escrito: O Senhor Deus, que é, e que era, e que há de vir: o Todo-Poderoso (Ap 1,8) – Noutra passagem fala do grande dia de Deus Todo-Poderoso (Ap 16,14).

Algumas vezes, enuncia-se o mesmo atributo por meio de paráfrases, como acontece nas seguintes passagens: A Deus, nada é impossível (Lc 1,37) – Porventura, a mão do Senhor já não terá força? (Nm 11,23) – Em Vossa mão está usar de poder, quando quiserdes" (Sb 12,18) – E outras mais, do mesmo sentido, que se resumem indubitavelmente nesta única palavra: o Todo-Poderoso.

Este conceito nos dá a entender que nada existe, nada se pode pensar ou imaginar que Deus não tenha a virtude de realizar. Pode, portanto, não só operar prodígios que, por maiores que sejam, não excedem de maneira absoluta o âmbito de nossas ideias, como por exemplo fazer voltar ao nada todas as coisas, ou num ápice tirar do nada outros mundos; mas pode também fazer coisas muito maiores, que a inteligência humana não chega sequer a suspeitar.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §11)

“Apesar de poder tudo, Deus não pode todavia mentir, nem enganar, nem ser enganado, nem pecar, nem perecer, nem tampouco ignorar alguma coisa. São deficiências que só podem ocorrer numa natureza, cuja operação é imperfeita.  Ora, operando sempre de maneira perfeitíssima, Deus não é capaz de tais coisas. O poder fazê-las é sinal de fraqueza, e não se coaduna com o domínio sumo e ilimitado que Deus exerce sobre todas as coisas.

Cremos, portanto, que Deus é Todo-Poderoso, mas dessa crença arredamos para longe tudo o que se não refira, nem condiga com a perfeição da natureza divina.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §12)


“Se neste Artigo dizemos que o Pai é Todo-Poderoso, ninguém caia no erro de pensar que só a Ele atribuímos esse predicado, de sorte que não seja também comum ao Filho e ao Espírito Santo. Como afirmamos que o Pai é Deus, que o Filho é Deus, e que o Espírito Santo é Deus, sem por isso reconhecer três deuses, mas a um só Deus; assim também dizemos que o Pai é todo-poderoso, que o Filho é todo-poderoso, que o Espírito Santo é todo-poderoso, sem contudo asseverarmos que haja três onipotentes, mas um só Onipotente.

Isto não obstante, damos ao Pai esse atributo, pela especial razão de ser Ele a fonte de tudo quanto existe. Da mesma maneira, atribuímos a sabedoria ao Filho, que é o Verbo eterno do Pai; e a bondade ao Espírito Santo, que é o amor de ambos. No entanto, pela regra católica de fé, estes e outros atributos devem ser enunciados em comum, com relação às três Pessoas divinas.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. II, §14)


Terminamos a primeira parte deste artigo. Vimos em que sentido dizemos “creio”, a existência de Deus com tudo que lhe é próprio, que Ele é Pai e seu primeiro atributo: Todo Poderoso. Na próxima vez, falaremos de Sua Criação (“criador do céu e da terra”).