“Imediatamente Jesus obrigou os seus discípulos a subir para a barca e a passarem antes dele à outra margem do lago, enquanto ele despedia as turbas. Despedidas as turbas, subiu só a um monte para orar. Quando chegou a noite, achava-se ali . Entretanto, a barca achava-se a muitos estádios da terra e era batida pelas ondas, porque o vento era contrário. Porém, na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar. E (os discípulos), quando o viram andar sobre o mar, turbaram-se dizendo: É um fantasma. E, com medo, começaram a gritar. Mas Jesus falou-lhes imediatamente, dizendo: Tende confiança; sou eu, não reinais.
Respondendo Pedro, disse: Senhor, se és tu, manda-me ir até onde estás por sobre as águas. Ele disse: Vem. Descendo Pedro da barca, caminhava sobre a água para ir a Jesus. Vendo, porém, que o vento era forte, temeu, e, começando a submergir-se, gritou, dizendo: Senhor, salva-me! Imediata mente Jesus estendendo a mão, o tomou e lhe disse: Homem de pouca fé, porque duvidaste? Depois que subiram para a barca, o vento cessou. Os que estavam na barca aproximaram-se dele e o adoraram, dizendo: Verdadeiramente tu és o Filho de Deus.”
Mt 14, 22-33
68) Que nos ensina o segundo artigo do Credo: e em Jesus Cristo, um só seu Filho, Nosso Senhor?
O segundo artigo do Credo ensina-nos que o Filho de Deus é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade; que Ele é Deus eterno, todo-poderoso, Cria for e Senhor, como o Padre; que se fez homem par nos salvar; e que o Filho, de Deus feito homem se chama Jesus Cristo.
Crer em Nosso Senhor Jesus Cristo é primordial para a nossa salvação, como já vimos. Vejamos o que diz o catecismo romano:
“Em
crer e professar o presente Artigo, encontra o gênero humano imensas e
admiráveis vantagens, consoante o testemunho de São João: “Quem confessa
que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele
permanece em Deus” (1Jo 4,5).
Prova-o também a palavra de Cristo Nosso Senhor, quando proclamava a bem-aventurança do Príncipe dos Apóstolos: “Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, pois não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas antes Meu Pai que está nos céus” (Mt 16,17).
Realmente, esta fé e esta profissão constituem a base mais sólida para nosso resgate e salvação.”(Catecismo Rom.,
Parte I, Cap. III, §1)
Nesse
artigo reconhecemos a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Nosso
Senhor Jesus Cristo, o qual sem Ele não teríamos possibilidades de
salvação. Caindo o gênero humano no pecado, por culpa da desobediência
de Adão, não poderíamos retornar ao estado inicial de graça por nossa
própria conta. E por isso o Filho de Deus se encarnou para nos resgatar.
“Os
admiráveis frutos deste artigo aparecem com maior evidência, se
considerarmos como se destruiu o venturoso estado em que Deus colocara
os primeiros homens. O pároco fará, pois, todo o possível, para que os
fiéis reconheçam, nisso, a causa das misérias e desgraças que todos nós
padecemos.
Adão
apartou-se da obediência devida a Deus, quando violou a proibição: “De
todas as árvores do Paraíso poderás comer, mas não comas da árvore da
ciência do bem e do mal. No dia que dela comeres, morrerás de morte” (Gn
2,16-17).
Ele caiu logo no maior dos infortúnios, perdendo a santidade e justiça em que fora constituído, ficando sujeito a outros males, conforme ensina mais longamente o Santo Concílio de Trento.
De
outro lado, o pároco fará ainda ver que o pecado e seu castigo não se
detiveram só na pessoa de Adão; mas que de Adão, como sua fonte e
origem, passaram merecidamente para toda a sua posteridade.” (Catecismo
Rom., Parte I, Cap. III, §2)
“Uma
vez decaído de tão alta dignidade, nada podia levantar o gênero humano e
reintegrá-lo no estado primitivo, nem as forças humanas, nem as forças
angélicas. Em vista de tal ruína e desgraça, não restava, pois, outro
remédio, senão o infinito poder com que o Filho de Deus, assumindo a
fraqueza de nossa carne, devia destruir a infinita malícia do pecado, e
pelo Seu Sangue reconciliar-nos com Deus.” (Catecismo Rom., Parte I,
Cap. III, §3)
Mas
Deus em sua infinita bondade tem um plano de salvação. E o prometeu
desde a queda do homem, inúmeras vezes, aos primeiros pais, aos
profetas, ao povo judeu.
“Ora,
o crer na Redenção e o professá-la sempre foram condições necessárias
para a salvação dos homens. Assim Deus o ensinou, desde o início da
Revelação.
No mesmo instante que condenava o gênero humano, imediatamente após o pecado, Deus fez nascer a esperança de resgate, pelas (próprias) palavras com que anunciou ao demônio a dura derrota que lhe resultaria da libertação dos homens: “Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua raça e a sua descendência. Esmagará ela a tua cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar” (Gn 3,15).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §4)
69) Por que se chama Filho a segunda Pessoa?
A segunda Pessoa chama-se Filho porque é gerada pelo Padre por via de inteligência, desde toda da ti eternidade; e por este motivo se chama também Verbo eterno do Padre.
Jesus é Filho de Deus:
De igual natureza como as outras pessoas:
Além disso, confessamos que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade,
perfeitamente igual às duas outras Pessoas Divinas. Nenhuma desigualdade
ou diferença pode haver, ou imaginar-se nas três Pessoas divinas,
porque em todas elas reconhecemos a existência de uma só natureza, de
uma só vontade, de um só poder.
Esta verdade se nos antolha em muitos lugares da Sagrada Escritura. O mais claro, todavia, é o testemunho de São João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava cam Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1).
Gerado desde toda a eternidade: Ouvindo, porém, que Jesus é Filho de Deus, não nos ponhamos a imaginar que em Sua geração exista algo de terreno ou mortal. O ato pelo qual o Padre gera ao Filho desde toda a eternidade, não o podemos absolutamente perceber com a inteligência, e muito menos compreendê-lo de maneira adequada. Devemos, no entanto, acreditá-lo com firmeza, e adorá-lo com a maior devoção de nossa alma. Como que arrebatados de admiração pelo Mistério, cumpre-nos exclamar com o Profeta: “Quem poderá explicar a Sua geração?” (Is 53,8).
Consubstancial ao Padre: Deve crer-se, portanto, que o Filho tem a mesma natureza, o mesmo poder, a mesma sabedoria que o Padre, conforme o confessamos mais explicitamente no Símbolo de Nicéia: “E em Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, e gerado pelo Padre antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de Deus verdadeiro, gerado, não feito, da mesma substância que o Padre, e pelo qual foram feitas todas as coisas”. (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §8)
Esta verdade se nos antolha em muitos lugares da Sagrada Escritura. O mais claro, todavia, é o testemunho de São João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava cam Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1).
Gerado desde toda a eternidade: Ouvindo, porém, que Jesus é Filho de Deus, não nos ponhamos a imaginar que em Sua geração exista algo de terreno ou mortal. O ato pelo qual o Padre gera ao Filho desde toda a eternidade, não o podemos absolutamente perceber com a inteligência, e muito menos compreendê-lo de maneira adequada. Devemos, no entanto, acreditá-lo com firmeza, e adorá-lo com a maior devoção de nossa alma. Como que arrebatados de admiração pelo Mistério, cumpre-nos exclamar com o Profeta: “Quem poderá explicar a Sua geração?” (Is 53,8).
Consubstancial ao Padre: Deve crer-se, portanto, que o Filho tem a mesma natureza, o mesmo poder, a mesma sabedoria que o Padre, conforme o confessamos mais explicitamente no Símbolo de Nicéia: “E em Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, e gerado pelo Padre antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de Deus verdadeiro, gerado, não feito, da mesma substância que o Padre, e pelo qual foram feitas todas as coisas”. (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §8)
70) Sendo também nós filhos de Deus, por que Jesus Cristo se chama Filho único de Deus Padre?
Jesus Cristo chama-se Filho único de Deus porque só Ele é por natureza seu Filho, e nós seus filhos por criação e por adoção.
Jesus Cristo chama-se Filho único de Deus porque só Ele é por natureza seu Filho, e nós seus filhos por criação e por adoção.
“No mais, é preferível contemplar simplesmente o que a fé nos propõe, e crer e confessar, com sinceridade, que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
Como Deus, foi gerado pelo Padre antes de todos os séculos; como Homem, nasceu no tempo, de Sua Mãe a Virgem Maria.
Posto que em Cristo se deve admitir um duplo nascimento, cremos todavia que há um só Filho. É pois uma e a mesma Pessoa, na qual se unem as naturezas divina e humana.”. (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §9)
“Da parte da geração divina, Cristo não tem irmãos nem co-herdeiros, visto ser Ele o Filho Único do Padre, enquanto nós homens somos apenas uma formação e obra de Suas mãos. (Cf Is 64,8)
Se entanto considerarmos Sua origem humana (Hb 2,12), veremos que Cristo não só dá a muitos o nome de “irmãos”, mas também os trata realmente como tais, para que com Ele alcancem ao mesmo tempo a glória da herança paterna. São aqueles que pela fé receberam a Cristo Nosso Senhor (Lc 8,21; Jo 1,12-13), e por obras de caridade comprovam a fé que professam de boca. Eis por que o Apóstolo Lhe chamou o “Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §10)
71) Por que Jesus Cristo se chama Nosso Senhor?
Chama-se Jesus Cristo Nosso Senhor não se porque, enquanto Deus, juntamente com o Padre e o Espírito Santo, rios criou, como também porque, em enquanto Deus e homem rios remiu com seu Sangue.
“Entre as muitas afirmações da Sagrada Escritura a respeito de Nosso Salvador, não é difícil reconhecer que umas Lhe convêm como a Deus, outras como a Homem.
Das duas naturezas diversas, [Cristo] recebeu também as diversas propriedades. Assim dizemos, com toda a verdade, que Cristo é onipotente, eterno, imenso. Estes atributos Lhe advêm da natureza divina. E dizemos também que Ele sofreu, morreu e ressurgiu. Ninguém duvida que tais fatos só podem ser atribuídos à natureza humana.
Como Deus: Mas existem ainda outros atributos que convêm a ambas as naturezas, como o nome de “Nosso Senhor”, que ora Lhe damos. Se, portanto, este nome se aplica a uma e outra natureza é com toda a razão que Cristo deve ser chamado “Nosso Senhor”.
Do mesmo modo que Ele é Deus eterno como o Padre, assim é também, como o Pai, Senhor de todas as coisas. Como Ele e o Padre não são dois deuses diversos, mas inteiramente o mesmo Deus, assim também Ele e o Padre não são dois Senhores diferentes.
Como Homem... por causa da Redenção...: Com razão é chamado “Nosso Senhor” também em Sua condição de Homem. Há muitos títulos que o justificam. Em primeiro lugar, por ser nosso Redentor, e nos ter livrado de nossas culpas, recebeu por direito o poder de ser deveras e chamar-se “Nosso Senhor”.
É o que nos ensina o Apóstolo: “Humilhou-se a Si mesmo, fazendo-Se obediente até a morte, e morte de cruz. Por essa razão, Deus também O exaltou e Lhe deu um nome que fica acima de todos os nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho, dos que estão no céu, na terra, e nos infernos; e toda língua proclame que Jesus Cristo está na glória de Deus Padre” (Fl 2,8ss). Após a Ressurreição, Cristo disse de Si mesmo: “A Mim foi dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28,18).
Por causa da união hipostática: Em segundo lugar, é chamado “Senhor” também, porque reúne numa só Pessoa duas naturezas, a divina e a humana. Ainda que Cristo por nós não morrera, contudo essa admirável união Lhe teria merecido o titulo de soberano Senhor de todas as coisas criadas, em particular dos fiéis que Lhe prestam obediência, e que O servem com o maior afeto de seu coração.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §11)
Assim, como um senhor possui servos, Nosso Senhor também possui os seus, aqueles que no dia do Batismo renunciaram a Satanás e se consagraram inteiramente a Ele. Mas por amor e benignidade, para nos fazer merecer a bem aventurança, Nosso Senhor nos atrai nos chamando de amigos e irmãos, motivo que nos faz conhecer Sua grandeza e amá-lo, adorá-lo e servi-lo como Nosso Senhor.
Nós somos seus escravos: “Como nos resta ainda dizer, o pároco inculcará aos fiéis que, levando nós de Cristo o nome de cristãos, não podemos ignorar os imensos benefícios de que Ele nos cumulou, máxime a bondade com que, pela luz da fé, nos fez conhecer todos estes mistérios. Convém, pois, e força é repeti-lo, que nós - com maior obrigação que os outros mortais - para sempre façamos entrega
e consagração de nós mesmos a Nosso Senhor e Redentor, na qualidade de escravos totalmente Seus.
Pelo compromisso batismal...: Na verdade, assim o prometemos à porta da igreja, quando recebíamos a iniciação do Batismo. Ali declaramos que renunciávamos a Satanás e ao mundo, para nos consagrarmos inteiramente a Jesus Cristo.
Mas, desde que, para entrar na milícia cristã, nos entregamos a Nosso Senhor, por tão santo e solene compromisso, que castigo não mereceríamos, se, depois de entrar no grêmio da Igreja, depois de conhecer a vontade e os preceitos de Deus, depois de receber a graça dos Sacramentos, fôssemos viver segundo as leis e normas do mundo e do demônio, como se no dia do Batismo nos houvéramos alistado no serviço do mundo e do demônio, que não de Cristo Nosso Senhor e Redentor.
Mas Cristo nos chama de “amigos” e “irmãos”: Em vista de tanto amor e benignidade para conosco, que coração se não sentiria abrasado de amor por tão grande Senhor? Apesar de nos ter debaixo de Seu poder e domínio, servos que somos remidos pelo Seu sangue, Cristo nos ama com tais extremos que já não nos chama de servos, mas de amigos e irmãos (Jo 15,14-15). Esta é, sem dúvida, a mais justa, e talvez a mais forte de todas as razões, por que devemos para todo o sempre reconhecê-l'O, venerá-l'O, e servi-l'O como Nosso Senhor.
72) Por que o Filho de Deus feito homem se o chama Jesus?
O Filho de Deus feito homem chama-se Jesus que quer dizer Salvador, porque nos salvou da morte eterna que merecíamos por nossos pecados.
73) Quem deu o nome de Jesus ao Filho de feito homem?
Foi o mesmo Padre Eterno que deu o nome de Jesus ao Filho de Deus feito homem, por meio do Arcanjo São Gabriel, quando este anunciou à Virgem Santíssima o mistério da Encarnação.
“Jesus é o nome próprio d'Aquele
que é Deus e homem ao mesmo tempo. Significa “Salvador”. Não Lhe foi
posto casualmente, por escolha e vontade dos homens, mas por ordem e
intenção de Deus.
Assim o declarou o Anjo Gabriel a Maria, Sua Mãe: “Eis que conceberás em teu seio, e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus” (Lc 1,31). E depois ordenou a José, esposo da Virgem, desse tal nome ao menino, e indicou-lhe ao mesmo tempo as razões por que devia chamar-Se assim: “José, filho de David, não tenhas receio de levar para tua casa Maria, tua esposa; pois o que nela foi concebido, obra é do Espírito Santo. Portanto, ela há de dar à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele há de remir Seu povo de seus pecados” (Mt 1,20-21).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §5)
74) Por que o Filho de Deus feito homem se chama também Cristo?
O filho de Deus feito homem chama-se também Cristo, que quer dizer Ungido e consagrado, porque antigamente ungiam-se os reis, os sacerdotes e os profetas e Jesus é Rei dos reis, Sumo Sacerdote e Sumo Profeta.
75) Foi Jesus Cristo verdadeiramente ungido e consagrado com unção corporal?
A unção de Jesus Cristo não foi corporal, como a dos antigos reis, sacerdotes e profetas, mas toda espiritual e divina, porque a plenitude da divindade habita n'Ele substancialmente.
Os reis e sacerdotes: “Ao nome de Jesus também se acrescentou o apelido de “Cristo”, cuja significação é “Ungido”. Serve para designar uma dignidade e um ministério. Não é próprio de uma só categoria, mas é uma designação comum de várias funções.
Na antiguidade, nossos pais chamavam de “cristos” aos sacerdotes e aos reis, porquanto Deus ordenara que fossem ungidos, em atenção à dignidade de seu ministério.
Sacerdotes são aqueles que, por meio de assíduas preces, recomendam o povo a Deus. São eles que oferecem sacrifícios a Deus, e aplicam pelo povo o poder de sua intercessão. (Nm 16, 46-50; Sb 18,20-25; Hb 5,1-4)
Aos reis, porém, está confiado o governo dos povos. Seu dever primordial é salvaguardar a autoridade das leis, proteger a vida dos inocentes, e punir a audácia dos criminosos.
Ambos os ministérios são, pois, uma imagem da majestade de Deus, aqui na terra. Por isso, os que eram eleitos para a dignidade real ou sacerdotal, recebiam a unção do óleo santo. (1Rs 10,1; 16,13; )
Os profetas: Era também costume ungirem-se os Profetas. Na qualidade de intérpretes e mensageiros de Deus imortal, eles revelavam os segredos do céu, e com salutares conselhos e predições do futuro nos exortavam à regeneração dos costumes.
O Redentor foi ungido pelo Espírito Santo...: “Ora, quando veio a este mundo, Nosso Salvador Jesus Cristo tomou sobre Si o tríplice encargo e função de profeta, de sacerdote e de rei. Por esse motivo é que foi chamado “Cristo”, e ungido para o desempenho daqueles ministérios. Não o foi, contudo, por obra de nenhum mortal, mas pela virtude do Pai Celeste. Não o foi com uma unção de óleo terrestre, mas de óleo espiritual, quando em Sua Alma santíssima se derramaram a graça, a plenitude e os dons do Espírito Santo, em tal superabundância que nenhuma outra criatura a poderia jamais comportar.
É o que muito bem exprime o Profeta, quando interpela o próprio Redentor: “Vós amastes a justiça, e aborrecestes a iniquidade. Por isso Deus, o vosso Deus, vos ungiu com óleo de alegria na presença de vossos companheiros” (Sl 44,8). A mesma idéia, Isaías a exprime com muito mais clareza, na passagem seguinte: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu, e Me enviou para pregar aos que são mansos” (Is 61,1).
a) Como sumo profeta... Jesus Cristo foi, portanto, o Profeta e Mestre supremo que nos ensinou a vontade de Deus, e cuja doutrina fez ao mundo conhecer o Pai celestial. Cabe-Ihe o nome de Profeta com maior glória e distinção, porquanto não passavam de discípulos Seus todos aqueles que [anteriormente] tiveram a honra desse nome, e que não foram enviados senão para anunciar o Profeta por excelência, que viria salvar todos os homens. (Dt 18,15)
b) Eterno Sacerdote... Cristo foi também Sacerdote, não na ordem pela qual na Antiga lei os sacerdotes procediam da tribo de Levi, mas por aquela que o profeta David exaltou em seu vaticínio: “Vós sois sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec” (Sl 109,4) Na epístola aos Hebreus, o Apóstolo explana detidamente o fundo desta passagem (Cf Hb 5,5ss).
c) Rei universal... Reconhecemos, igualmente, que Cristo é Rei, não só como Deus, mas também enquanto Homem, participante de nossa natureza. De Sua dignidade real disse o Anjo: “Há de reinar eternamente na casa de Jacob, e Seu reino não terá fim” (Lc 1,32)
Cujo domínio é a Igreja...: Esse Reino de Cristo é espiritual e eterno. Começa na terra, e consuma-se no céu. É com admirável providência que Cristo presta os ofícios de Rei à Sua Igreja. Ele a governa; defende-a dos ataques e embustes do inimigo; prescreve-lhe leis; comunica-lhe santidade e justiça; proporciona-lhe, ainda por cima, força e meios de perseverar.
Que abrange bons e maus...: Nos limites deste Reino, existem bons e maus. Por direito, fazem parte dele todos os homens. No entanto, aqueles que levam uma vida pura e santa, segundo os Seus Mandamentos, chegam a sentir, mais do que os outros, a suma bondade e benevolência de nosso Rei.
E também o mundo inteiro: Este Reino, porém, não Lhe foi adjudicado por direito de herança ou sucessão humana, ainda que Cristo descendesse dos reis mais ilustres. Era Rei, porque Deus reuniu em Sua humanidade tudo o que a natureza humana podia comportar de poder, grandeza e dignidade. Entregou-Lhe, portanto, o governo do mundo inteiro. E Cristo já começou a dominar, mas só no dia do Juízo é que todas as coisas se curvarão, plena e incondicionalmente, à Sua autoridade.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. III, §7)
76) Tiveram os homens algum conhecimento de Jesus Cristo antes da sua vinda?
Sim, os homens tiveram conhecimento de Jesus Cristo antes da sua vinda, pela promessa do Messias, que Deus fez aos nossos primeiros pais Adão e Eva, a qual renovou aos santos Patriarcas; e também pelas profecias e muitas figuras que O designavam.
77) Como sabemos nós que Jesus Cristo é verdadeiramente o Messias e o Redentor prometido?
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiramente o Messias e o Redentor prometido, porque nEle se cumpriu:
1) tudo o que anunciavam as profecias;
2) tudo o que representavam as figuras do Antigo Testamento.
78) Que prediziam as profecias acerca do Redentor?
As profecias prediziam acerca do Redentor: a tribo e a família da qual devia sair; o lugar e o tempo do nascimento; os seus milagres e as mais minuciosas circunstâncias da sua Paixão e morte; a sua ressurreição e ascensão ao Céu; o seu reino espiritual, universal e perpétuo, que é a Santa Igreja Católica.
79) Quais são as principais figuras do Redentor no Antigo Testamento?
As principais figuras do Redentor no Antigo Testamento são o inocente Abel, o sumo sacerdote Melquisedec, o sacrifício de Isaac, José vendido pelos irmãos, o profeta Jonas, o cordeiro pascal e a serpente de bronze, levantada por Moisés tio deserto.
80) Como sabemos nós que Jesus Cristo é verdadeiro Deus?
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus:
1) pelo testemunho do Padre Eterno, quando disse: “Este é O meu Filho muito amado, no qual tenho posto todas as minhas complacências: ouvi-O”;
2) pela afirmação do próprio Jesus Cristo, confirmada com os mais estupendos milagres;
3) pela doutrina dos Apóstolos;
4) pela tradição constante da Igreja Católica.
81) Quais são os principais milagres operados por Jesus Cristo?
Os principais milagres operados por Jesus Cristo são, além da sua ressurreição, a saúde restituída aos enfermos, a vista aos cegos, o ouvido aos surdos, a vida aos mortos.
Por aqui terminamos o segundo artigo do Credo: “e em Jesus Cristo, um só seu Filho, Nosso Senhor”. Que possamos absorver com muitíssimos frutos a doutrina deste artigo.