“Quando o Filho do homem vier em sua glória com todos os seus anjos, então se assentará no seu trono glorioso. Em sua presença, todas as nações se reunirão e ele vai separar uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à esquerda. E o rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, abençoados por meu Pai! Tomai posse do Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui peregrino e me acolhestes e, estive nu e me vestistes, enfermo e me visitastes, estava na cadeia e viestes ver-me. E os justos perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na cadeia e te fomos visitar? E o rei dirá: Eu vos garanto: todas as vezes que fizestes isso a um desses meus irmãos menores, a mim o fizestes.Depois dirá aos da esquerda: Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque eu tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, fui peregrino e não me destes abrigo; estive nu e não me vestistes, enfermo e na cadeia e não me visitastes. E eles perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos faminto ou sedento, peregrino ou enfermo ou na cadeia e não te servimos? E ele lhes responderá: Eu vos garanto: quando deixastes de fazer isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes. E estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos, para a vida eterna.”Mt 25, 31-46
124) Que nos
ensina o sétimo artigo do Credo: de onde há de vir a julgar os vivos e os
mortos?
O sétimo artigo
do Credo ensina-nos que no fim do mundo Jesus Cristo cheio de glória e de
majestade, há de vir do Céu para julgar todos os homens, bons e maus, e para
dar a cada um o prêmio ou o castigo que tiver merecido.
“Jesus Cristo
honra e engrandece a Sua Igreja com três importantes Ministérios: de Redentor,
de Protetor, e de Juiz.
Pelos Artigos
anteriores, já sabemos que Ele remiu o gênero humano pela Sua Paixão e Morte, e
que pela Ascensão se tornou o perpétuo advogado e defensor de nossa causa. No
presente Artigo, só resta explicar a Sua função de juiz. O Artigo quer dizer
que Cristo Nosso Senhor, naquele dia supremo, há de julgar todo o gênero humano.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap.
VIII, §1).
“As Sagradas
Escrituras atestam que são duas as vindas do Filho de Deus. A primeira
foi quando assumiu carne, para nos salvar, e Se fez homem no seio da Virgem; a
segunda será, quando vier para julgar todos os homens, na consumação dos
séculos.
Nas Escrituras,
esta segunda vinda se chama “Dia do Senhor”
(1Pd 3,10; Ap 3,26), do qual diz
o Apóstolo: “O dia do Senhor há de vir como o ladrão de noite” (1Ts
5,2). “Aquele dia, porém, e aquela hora,
ninguém os conhece” - declara o próprio Salvador (Mt 24,36).
Em prova do
Juízo Final, basta citar esta passagem do Apóstolo: “Todos nós teremos de
comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba retribuição do
bem ou do mal, que tiver praticado em sua vida terrena” (2Cor 5,10; Rm 14,10).
Se desde o
inicio do mundo, todos ansiavam por aquele primeiro dia em que o Senhor Se
revestiu de nossa carne, porquanto nesse mistério havia a esperança de seu
resgate, também agora devemos - depois da Morte e Ascensão do Filho de Deus –
suspirar ardentemente pelo segundo Dia do Senhor, “aguardando a ditosa esperança
e o aparecimento da glória do grande Deus” (Tt 2,13).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. VIII, §2).
125) Se cada um,
logo depois da morte há de ser julgado por Jesus Cristo no juízo particular,
por que havemos de ser julgados todos no Juízo universal?
Havemos de ser
julgados todos no Juízo universal por várias razões:
1) para glória
de Deus;
2) para glória de
Jesus Cristo;
3) para glória
dos Santos;
4) para confusão
dos maus;
5) finalmente
para que o corpo, depois da ressurreição universal, tenha juntamente com a alma
a sua sentença de prêmio ou de castigo.
“Na explicação
desta matéria, os párocos terão de atender às duas ocasiões, em que todo homem
deve comparecer na presença do Senhor, para dar contas de todos os seus
pensamentos, ações e palavras, e para aceitar finalmente a sentença imediata do
Juiz (Hb 9,27).
A primeira
ocasião é o momento, em que cada um de nós deixa este mundo; a alma é levada
incontinente ao tribunal de Deus, onde se examina com a máxima justeza, tudo o
que o homem jamais fez, disse, e pensou em sua vida.
É o que chamamos
Juízo Particular.
A segunda ocasião, porém, há de ser quando todos os homens terão de
comparecer juntos, no mesmo dia e no mesmo lugar, perante o tribunal do juiz,
para que, na presença de todos os homens de todos os séculos, cada um venha a saber a sentença, que a seu
respeito foi lavrada.
Para os ímpios e
malvados, esta declaração de sentença não constituirá a menor parte de suas penas e castigos; ao passo que os virtuosos
e justos nela terão uma boa parte de sua alegria e galardão. Naquele instante,
será pois revelado o que foi cada indivíduo, durante a sua vida mortal.
Este Juízo se
chama universal.” (Catecismo
Rom., Parte I, Cap. VIII, §3).
126) Como é que
no Juízo universal há de manifestar-se a glória de Deus?
No Juízo
universal há de manifestar-se a de Deus, porque todos hão de reconhecer a
justiça com que Deus governa o mundo, embora se vejam às vezes os bons a sofrer
e os maus em prosperidade.
127) Como é que
no Juízo universal há de manifestar-se glória de Jesus Cristo?
No Juízo
universal há de manifestar-se a glória de Jesus Cristo, porque, tendo Ele sido
injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face do mundo inteiro
como Juiz supremo de todos.
128) Como é que
no Juízo universal há de manifestar-se a glória dos Santos?
No Juízo
universal há de manifestar-se a glória dos Santos, porque muitos deles, que
morreram desprezados pelos maus, hão de ser glorificados em presença de todos
os homens.
129) No Juízo
universal qual será a confusão dos maus?
No Juízo
universal a confusão dos maus será enorme, especialmente a daqueles que
oprimiram os justos, e ti daqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos,
falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de
todo o inundo, os pecados que cometeram ainda os mais ocultos.
Motivos para o Juízo Universal
a) abrir todas as
consciências: “Será então necessário
mostrar por que, além do Juízo Particular para cada um, se fará ainda outro
geral para todos os homens.
Ora, os mortos deixam
às vezes filhos que imitam os pais; parentes e discípulos que seguem e propagam
seus exemplos em palavras e obras. Esta circunstância deve aumentar os prêmios
ou castigos dos próprios mortos.
Tal influência, que a muitos empolga, em seu
caráter benéfico ou maligno, não acabará senão quando romper o último dia do mundo. Convinha, pois, fazer-se então
uma perfeita averiguação de todas essas obras e palavras, quer sejam
boas, quer sejam más (para que cada
qual veja o alcance de suas responsabilidades sociais). O que, porém, não seria
possível sem um julgamento geral de todos os homens.
b) reabilitar os justos: Outro
motivo ainda. Muitas vezes, os
justos são lesados em sua reputação, porquanto os ímpios passam por grandes virtuosos.
Pede a divina justiça que, numa convocação para o público julgamento de todos
os homens, possam os justos recuperar a boa fama, que lhes fora iniquamente roubada
aos olhos do mundo.
c) responsabilizar também o corpo: Além disso, em tudo o que façam durante a
vida, os bons e os maus não prescindem da cooperação de seus corpos. Daí
decorre, necessariamente, que as boas ou más ações [praticadas] devem atribuir-se
também aos corpos, que delas foram instrumentos.
Era, pois, de suma conveniência que os corpos
partilhassem, com as almas, dos prêmios da eterna glória ou
dos suplícios, conforme houvessem merecido. Isto, porém, não poderia efetuar-se,
sem a ressurreição de todos os homens, e sem um julgamento universal.
d) justificar a Providência de Deus: Como também a fortuna e a desgraça não
fazem escolha entre bons e maus, era necessário provar que tudo é dirigido e
governado pela infinita sabedoria e justiça de Deus. Convinha, pois, não só
reservar prêmios aos bons e castigos aos maus, na vida futura, mas também
decretá-los num juízo público e universal, que os tornasse mais claros e
evidentes a todos os homens.
Desta forma, todos renderão louvor a Deus
pela sua justiça e providência, em desagravo daquela injusta queixa com que às
vezes os próprios Santos, por fraqueza humana, se lastimavam, ao verem os maus
na posse de grandes cabedais e dignidades.
O Profeta dizia: “Meus pés estiveram a ponto
de vacilar. Por pouco se não transviaram os meus passos, porque me enchi de
zelo contra os maus, quando observava a vida bonançosa dos pecadores” (Sl
72,2-3). E mais adiante: “Eis que, sendo pecadores, e favorecidos pelo mundo,
eles conseguiram riquezas. E eu disse: Então não me adiantou guardar puro o meu
coração, e lavar em inocência as minhas mãos; em ser torturado o dia inteiro, e
padecer aflição desde o romper da madrugada” (Sl 72,12-14).
Por conseguinte, era preciso haver um Juízo
Universal, a fim de que os homens se não pusessem a comentar que Deus passeia
pelos quadrantes do céu, e que pouco se Lhe dá a sorte das coisas terrenas (Jó
22,14). Com toda a razão foi incluída a fórmula desta verdade nos doze Artigos
do Credo, para apoiar, com a força de sua doutrina, os ânimos que duvidem da
providência e justiça de Deus.
e) alentar os bons e aterrar os maus: Sobretudo, era mister que a lembrança do Juízo
alentasse os bons, e aterrasse os maus. Conhecendo a justiça de Deus, aqueles
não viriam a desfalecer; estes seriam arredados do mal, graças ao temor e à
expectação dos eternos castigos.
Por isso, falando do Último Dia, Nosso Senhor
e Salvador declarou que haveria um Juízo Universal. Descreveu os sinais do
tempo em que há de chegar, para que, ao vê-los, reconhecêssemos estar perto o
fim do mundo. Depois, no momento de subir aos céus, enviou Anjos que consolassem
os Apóstolos, tristes com Sua ausência, [e lhes dissessem] as seguintes
palavras: “Este Jesus que de vosso meio foi arrebatado ao céu, há de vir assim
como O vistes subir ao céu” (At 1,11).” (Catecismo Rom., Parte I,
Cap. VIII, §4).
O Juiz: “Ensinam as Sagradas
Escrituras, que a Cristo Nosso Senhor foi entregue o julgamento, não só
enquanto Deus, mas também enquanto Homem. Ainda que o poder de julgar é comum a
todas as Pessoas da Santíssima Trindade, contudo o atribuímos ao Filho de modo
particular, por dizermos que Lhe compete também a sabedoria. Uma declaração do
Senhor confirma que Ele, enquanto Homem, há de julgar o mundo: “Assim como o
Pai tem a vida em Si mesmo, assim concedeu também ao Filho ter a vida em Si
mesmo; conferiu-Lhe o poder de julgar, porque é o Filho do Homem” (Jo 5,26ss).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap.
VIII, §5).
Porque será
Cristo?: “Fica multo bem que esse Juízo
seja efetuado por Cristo Nosso Senhor. Já que os julgados são homens, ser-lhes-á
possível ver o juiz com os olhos corporais, e com os próprios ouvidos escutar a
sentença que lhes for lavrada, e pelos sentidos chegar ao perfeito conhecimento
da ação judicial.
De mais a mais,
era de suma justiça que aquele Homem, que fora condenado pela mais iníqua das
sentenças humanas, tomasse assento à vista de todos, para julgar todos os homens.
Por isso é que, depois de expor, em casa de Cornélia, os pontos capitais da
religião cristã; depois de ensinar que Cristo fora crucificado e morto pelos
judeus, mas que ao terceiro dia havia ressurgido: - o Príncipe dos Apóstolos
não deixou de acrescentar: “E deu-nos ordem de pregar ao povo, e testemunhar
que Ele foi por Deus instituído Juiz dos vivos e dos mortos” (At 10,42).” (Catecismo Rom., Parte I, Cap.
VIII, §6).
Sinais que precedem
ao Juízo
Como sinais que
precedem o Juízo, as Sagradas Escrituras enumeram três principais: a pregação
do Evangelho pelo mundo inteiro, a apostasia, o anticristo.
Com efeito,
assim falou Nosso Senhor: “Será pregado este Evangelho do Reino por todo o mundo,
para servir de testemunho a todos os povos, e depois há de vir a consumação”
(Mt 24,14). E o Apóstolo nos adverte que ninguém se iluda, “como se o Dia do
Senhor esteja vizinho” (1Ts 2,2); porquanto não se fará o Juízo, “sem que venha
antes a apostasia, e tenha aparecido o homem do pecado” (2Ts 2,3).
O Julgamento
a) a sentença
dos bons As circunstâncias do Juízo,
os párocos poderão vê-las comodamente nas profecias de Daniel (Dn 7,9), na
doutrina dos Santos Evangelhos (Mt 24,1ss; 25,1ss; Mc 13,26) e do Apóstolo São
Paulo (1Cor 15,52; 1Ts 2,1-11; 4,12-16; 5,1-11).
Neste lugar, o
que merece maior atenção é a sentença que pelo juiz será pronunciada (Mt 25,34).
Cristo Nosso
Senhor lançará um olhar de jubilosa complacência para as justas colocados à
direita, e com extremos de bondade lhes dirá a seguinte sentença: “Vinde,
benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino, que vos está preparado desde o
princípio do mundo” (Mt 25,34).
Não se poderá
ouvir palavra mais suave do que esta! Assim há de averiguá-lo quem a cotejar com
a condenação dos maus; quem levar em conta que tal sentença chama os homens bons
e justos, da labuta ao descanso, deste vale de lágrimas aos cimos da alegria,
das tribulações à eterna bem aventurança, que eles mereceram por suas obras de
caridade.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. VIII, §7).
b) sentença dos maus Volvendo-se, então, para aqueles que
estarão à esquerda, lançará sobre eles o rigor de Sua justiça, usando das
palavras: “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno que foi preparado
ao demônio e seus anjos” (Mt 25,41).
As primeiras
palavras – “apartai-vos de mim” – exprimem a maior das penas que atingirá os
maus, quando forem lançados o mais longe possível da presença de Deus, sem que
os possa consolar a esperança de virem jamais a gozar de um bem tão perfeito.
... a pena de dano Esta
é a pena que os teólogos chamam “pena de dano”, porque os réprobos no inferno
ficarão para sempre privados da luminosa visão de Deus.
O acréscimo “malditos”
agrava-lhes a miséria e desgraça, de uma maneira pavorosa. Se, na verdade, ao
serem escorraçados da presença de Deus, fossem pelo menos julgados dignos de
alguma bênção, não há dúvida que nisso poderiam ter grande consolação. Mas,
como não lhes é dado esperar consolo semelhante para mitigar sua desgraça, de
pleno direito a justiça divina os perseguirá, com todas as maldições, a partir
do momento em que são [inteiramente] repudiados.
a pena dos
sentidos Seguem-se então as
palavras: “para o fogo eterno”. A esta segunda espécie de tormentos chamam os
teólogos “pena dos sentidos”, porque empolga os sentidos do corpo, como
acontece nos açoites, flagelações, e outros gêneros de suplícios mais pesados.
Não é para duvidar
que, entre eles, a tortura do fogo causa a mais intensa sensação de dor. Como
tal suplício deve durar para todo o sempre, temos nessa circunstância uma prova
de que o castigo dos réprobos concentra em si todos os suplícios possíveis.
Mostram-no, com
maior clareza, as últimas palavras da condenação: “que foi preparado para o
demônio e seus anjos”. Por índole nossa, não sentimos tanto os sofrimentos,
quando temos algum parceiro a repartir conosco o infortúnio, e que até certo
ponto nos assiste e conforta, com sua prudência e bondade. Qual não será, porém,
a miséria dos condenados, uma vez que em tantas aflições não poderão jamais
apartar-se da companhia dos mais perversos demônios?
Muito justa será,
naturalmente, a condenação que Nosso Senhor e Salvador há de proferir contra os
maus; porque eles vilipendiaram todas as obras de verdadeira piedade. Não deram de comer, nem de beber ao
faminto e ao sequioso; não agasalharam o peregrino; não cobriram o desnu; não
visitaram o preso, nem o enfermo.” (Catecismo Rom., Parte I, Cap. VIII, §8).
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